Por alguns dias, tive a
oportunidade de fazer a leitura do livro O ensaio sobre a cegueira, de José
Saramago. Apesar de apresentar uma linguagem um pouco diferente da nossa, e até
mesmo para preservar a língua portuguesa de Portugal, pátria do escritor, me
debrucei a entender o que seria essa tal “cegueira branca”, e esse mistério
pouco a pouco foi se desvendando, dia após dia. Ficava na dúvida de como apenas
um ser humano não sofria desse mal que assolava a todos. Cada dia que se
passava, eu chorava, pois como não se envolver com uma história como essa...? As
tragédias, a estupidez, os sentimentos, as traições, a inveja e todos os piores
sentimentos que podemos encontrar em um ser humano, ou mesmo numa sociedade.
Viver essa história me foi útil, pois acabei por descobrir, através do olhar do
autor, que o cego é aquele que tem medos... Medo de ficar sozinho, medo de não
encontrar outro alguém, medo de não olhar adiante, de deixar a vida passar.
Realmente, “O pior cego é
aquele que não quer ver”, cego dos olhos, do ouvido, do coração, do cérebro... Às
vezes nos contentamos com muito pouco e a “cegueira” nos ajuda nisso, queremos
sempre tapar o sol com a peneira, em busca de viver o que achamos ser o melhor
para nós, e nem sempre isso é bom, ou é o certo. Falo isso em todos os âmbitos,
seja emocional, profissional, social. Vivemos numa mesmice sem fim e não nos
damos conta que o mundo lá fora nos impõe a várias situações e circunstâncias, que
nos tornam “burros” e incapazes de abrir os olhos. Na realidade somos um bando
de marionetes nesse mundão de meu Deus, vivemos de histórias encantadas como:
Branca de Neve e vários contos de princesas em busca de seus príncipes que
chegam em seus cavalos brancos. ESTAMOS CEGOS, O MUNDO ESTÁ CEGO, EU ESTOU CEGA... Vamos nos abrir para enxergar esse novo
mundo, ter uma nova visão do que nos estão a nos impor, ser capaz de enxergar
quando alguém não nos dá em troca o mesmo afeto que lhe damos, não ter medo de
ser suficientemente capaz de se entregar e encarar novas situações.
Vamos deixar de
acomodação, de viver o mesmo sempre, de fazer as mesmas coisas sempre, de amar
o de sempre, deixemos de ser cegos quando apenas apontamos os defeitos dos
outros e não olhamos os nossos, vamos dar
a cara pra bater, de enfrentar e ser feliz, mesmo que isso nos custe caro, mesmo
que tenhamos que enfrentar a tudo e a todos. Quem precisa sentir medo? Por que
não encarar a vida de frente? Já dizia a canção: “VIVER E NÃO TER A VERGONHA DE
SER FELIZ”. Devemos levar isso como lição.
Voltando a moral da
história: SER CEGO, É TER MEDO...
Por Rochele Nogueira
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