segunda-feira, 28 de maio de 2012

OPINIÃO | Uma verdade bem conveniente



 “A verdade não morre quando censurada. Na democracia, a verdade vem à superfície.” Foi com essa célebre frase de Ulisses Guimarães que a presidente Dilma Rousseff abriu seu discurso na cerimônia de posse dos integrantes da Comissão da verdade, no dia 16 de maio. A comissão da verdade vai apurar violações aos direitos humanos cometidas entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar. Para nossa presidente isso significa muito, visto que ela sempre faz questão de lembrar â sociedade que foi uma das vítimas da Ditadura; logo essa combinação de Dilma Rousseff e Comissão da verdade resultaria em um único sentimento: revanchismo.

Em 1964, enquanto meninas eufóricas ao redor do mundo choravam ao som dos Beatles, no Brasil um golpe militar depunha o então presidente Jango e empossava o General Castelo Branco e nos 21 anos seguintes o país vivia uma pseudodemocracia, pelo menos até o ano de 1985, quando o pres. Costa e silva instaurou o AI-5 e os militares resolveram deixar essa de imagem ‘democracia’ de lado e assumiram seu poderio militar.

Nesse conturbado período foram feitas quase 500 vitimas, entre mortos e desaparecidos e são as questões por trás desses casos que a comissão da verdade – ou a presidente - se preocupa em esclarecer. Para a chefe do Estado, o trabalho que a comissão realizará, mesmo que a passos de tartaruga, será um banho de alivio. Dilma quer como ninguém saber toda a verdade, sem nenhum disfarce ou algo do tipo. Analisar mais de 40 anos de sofrimento por apenas sete pessoas vai levar bastante tempo, mas isso não é o mais importante, o primordial já foi alcançado.

Não é de hoje que o governo vem tentando instaurar essa comissão, desde Collor que trabalhos vem sendo realizado para que isso saia do papel, mas o fato de acontecer justo no governo de alguém que vê a ditadura militar como a maior mazela da sociedade brasileira representa muito. Mas Por que Dilma descarta o ódio e o perdão, mas não o esquecimento? Perdão é o que define a lei da Anistia e a comissão não busca anulá-la nem promover revanchismo e sim trazer à tona a verdade a todos àqueles que continuam sofrendo com as consequencias desse período tão sombrio.


Por Eduardo Siqueira

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