segunda-feira, 28 de maio de 2012

OPINIÃO | Classificação Educativa: censura ou democracia?





Visando a liberdade de  expressar e o dever de proteção absoluta à criança e ao adolescente, o Estado e a sociedade têm um papel fundamental na construção desse processo. O primeiro, no sentido de cumprir o dever de classificar, produzir e estabelecer diretrizes para a produção de informações públicas e, o segundo no quesito de cobrar das emissoras de Tvs a veiculação da classificação atribuída a cada programa, fazendo com que esta seja em torno do debate democrático.

Dentro desse processo há três etapas importantes para se fazer o método de análise de classificação: a descrição fática, descrição temática e a gradação.

A primeira análise é a descrição fática da obra ou do espetáculo. Que é um relato tanto descritivo quanto narrativo. Detalhando as características de uma pessoa, objeto ou  situação, narrando também as mudanças de estado que vão ocorrendo com as pessoas ou objetos ao longo da trama. Com isso, inicia-se a descrição temática que é o contexto e a maneira como os temas estão expressos. A gradação, por fim, seria de que forma e com qual intensidade o tema será abordado.

A soma dessas três etapas é fundamental para se definir a adequação ou inadequação de um produto audiovisual. Analisadas pelos diálogos, enquadramentos de imagens, frequência das  cenas e imagens que contenham violência, uso de drogas e sexo/nudez. Sempre por mais de um analista. De modo a proporcionar a pais, crianças, adolescentes, educadores e a toda sociedade, um instrumento educativo e pedagógico para a escolha da melhor programação.

O novo modelo de classificação indicativa constitui-se em três contextos principais: violência, drogas e sexo.


Temos que lembrar que nem todo conteúdo deve ser analisado da mesma forma. Por exemplo, o sexo pode estar ligado à banalização e/ou ao estímulo de crianças e adolescentes como a respeito de questões de saúde pública; ou uma discussão sobre as doenças sexualmente transmissíveis, ou a prevenção de uma gravidez indesejada. Já a violência não pode ser vista de maneira generalizada a fim de gerar mais violência, mas, no sentido de apresentar causas e consequências a reduzir impactos negativos para o público infantil. Por fim, por estar presente em nosso cotidiano, o tema drogas tem que ser tratado não apenas como refúgio de um problema e/ou prazer, porém, principalmente como forma educativa alertando os riscos de saúde.

Essas especificidades citadas são analisadas e classificadas de acordo com cada faixa etária. Elementos positivos que valorizam a honestidade, o conhecimento, o cuidado com o corpo, o respeito aos demais, a capacidade de resolução de conflitos através de diálogo, a promoção da cultura de paz, enfim, são parâmetros importantes para essa análise.
Quanto a identidade visual, ela deve seguir um certo padrão, obedecendo a cor, o tamanho, a fonte, a posição específica.

A censura em seu tempo de ditatura militar é algo totalmente oposto ao que se propõe hoje com a classificação indicativa, uma vez que ela apenas orienta ao público sobre o conteúdo contido na obra, que vai desde um programa de Tv a jogos eletrônicos, não sendo proibido sua divulgação.

Como funciona
Os realizadores enviam ao Ministério da Justiça suas obras e a autoclassificação destas de acordo com suas indicações. Sendo o material aprovado, o Ministério tem um prazo de 60 dias para confirmar. Se por ventura a obra não for aprovada, ela é reclassificada. A concordância entre eles é superior a 90%, isso quer dizer que existe um entendimento sobre a classificação indicativa entre órgãos e Ministério. Pra se ter uma ideia, no ano de 2011, de 5.485 obras apenas 48 foram advertidas às emissoras.

Por Lígia Xavier
Revisado por: Adalucami Menezes - Faculdade Cearense

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